Setembro é o mês utilizado para a conscientização
referente ao suicídio.
Por inúmeros fatores, ele ocorre diariamente.
A psicóloga Márcia Simone Fávero nos passa algumas
dicas e explicações sobre esse assunto
importantíssimo.
1.Qual a causa do Suicídio?
O ato de suicidar-se está relacionado a um longo processo de dor,
desapontamento e sofrimento, sabemos que pode ser multifatorial, que há fatores
emocionais, psiquiátricos, religiosos e socioculturais. São um conjunto de fatores
que ajudam a compreender a situação de vida, o sofrimento que essa pessoa
carrega e, por isso, busca tirar a própria vida, afinal é a escolha feita por alguém que
chegou ao limite total das suas próprias emoções. Quer, eliminar a dor, diminuir o
sofrimento e, por isso, busca, de repente, um método que o leva a morte.
O suicídio, em muitos casos, se configura como uma saída da pessoa para
se livrar da angústia provocada por sua incapacidade de atender as expectativas do
outro.
2. Ele é visto como uma fuga de momentos dolorosos demais para se lidar ao
longo da vida, ou seja, é um refúgio de problemáticas e sofrimentos insuportáveis.
É um ato de desespero que visualiza na morte a forma de um descanso
psicológico e físico. Trata-se de um movimento proposital provocado em si mesmo,
com o intuito de terminar com a dor que tanto aflige.
2.A depressão é um fator que muito importante para desencadear ideação
suicida, o que acarreta a depressão?
É impossível apontar as causas exatas para o transtorno depressivo, pois
suas motivações dependem do contexto histórico, biológico e psicológico de cada
pessoa.
A depressão pode surgir a partir de uma rotina de estresse, frustrações e
cobranças pesadas que imprimem na pessoa a sensação de insuficiência,
deixando-a profundamente triste com tudo que se relaciona a ela mesma.
Quem tem depressão apresenta sete vezes mais chances de cometer
suicídio do que outros transtornos, mas nem todo deprimido se suicida e nem
todas as pessoas que cometeram o suicídio tinham depressão. Deste modo,
parece mais prudente considerar a depressão como um fator de risco, não como
causa do suicídio.
Devemos analisar que há diversos fatores de risco para o suicídio, como um
transtorno psiquiátrico, brigas na família, perda de ente querido, o fim de um
relacionamento, a perda de um emprego, esses são apenas alguns exemplos. Há
sempre uma vulnerabilidade psíquica que precisa ser compreendida, mas nunca
julgada.
3.Na maioria das vezes, as pessoas que cometem suicídio não comentam,
tampouco, demostram, qual atitude deve ser tomada caso haja algum sinal que uma
pessoa está com depressão ou outro problema emocional?
Os motivos do suicídio podem ser muito turvos, mas eles sempre vêm de um
lugar de muitos acúmulos, seja de dor, arrependimento, luto ou até de alguma
perda.
A pessoa com esses sentimentos negativos certamente passa ou passou por
sérias questões psicológicas necessárias de atenção e acompanhamento constante.
Está mergulhada numa angústia desmedida, angústia materializada no corpo sob a
forma de dor. Dói o corpo, dói o peito, dói a alma, dizem sentir um vazio que nada
preenche como relatam alguns pacientes. É comum atribuírem a esta dor a causa
precipitante do seu ato suicida, quando afirmam que matar-se seria a única forma
de livrar-se da dor.
O transtorno de bipolaridade também pode acarretar ideação suicida, ele se
baseia na alternância constante entre a profunda tristeza e uma certa euforia
extrema.
Esse tipo de perturbação pode causar uma série de comportamentos
característicos, como uma irritabilidade em excesso, pensamentos suicidas,
dificuldade em estabelecer o foco e muitas outras que atrapalham o dia a dia.
Esse comportamento alimenta o quadro depressivo, além de elevar muito a
sua impulsividade. Pontos esses que podem colaborar para as tentativas suicidas.
Então quem está próximo pode observar esses sinais e sintomas que a
pessoa demonstra.
A maneira mais completa e cuidadosa de se fazer isso é através do
tratamento psicoterapêutico para depressão que, por vezes, será acompanhado de
um psiquiatra também, com o auxílio de medicamentos para cada caso, de acordo
com as particularidades de cada pessoa.
Essas fontes de apoio são muito sólidas, pois ajudarão a pessoa no processo
de transição entre desgosto pela vida e apego por ela novamente.
4.Sabemos que o uso da tecnologia é de suma importância, atualmente, esse
tema está presente na vida das pessoas tanto no trabalho, quanto na vida pessoal.
Mas até que ponto a tecnologia das redes sociais afetam uma pessoa?
As redes sociais podem ser fatores determinantes para os pensamentos
suicidas.
Primeiramente, por ser um espaço onde as pessoas expõem o que quiserem.
Por poderem compartilhar pensamentos e conteúdo dos mais variados, acaba se
criando uma liberdade excessiva.
Isso é perigoso porque nos deixa mais sujeitos a críticas, ataques,
discussões e até exposições involuntárias.
Esses aspectos podem engatilhar e reforçar pensamentos negativos sobre a
pessoa, provocando sentimentos autodestrutivos e muito perigosos.
Comparar nossas vidas com a dos outros já se tornou rotina por causa das
redes e tem sido cada vez mais difícil se desprender da ideia das outras pessoas
sobre nós.
A internet na maioria das vezes representa um ambiente tóxico, que pode
acabar nos puxando para baixo, dependendo da situação em que nos encontramos.
Sendo assim, as redes sociais também fazem parte dos maiores motivos que
levam ao suicídio, afinal elas encorajam muitos comportamentos e sentimentos
influenciadores.
5 – A busca da perfeição é constante, muitas pessoas idealizam a vida
perfeita, o corpo perfeito, o trabalho perfeito, o relacionamento perfeito. Como
solucionar essa situação nos dias atuais?
A preocupação intensificada e o medo de ser diferente, mobilizada grande
parcela das mulheres, também os homens, principalmente os mais jovens, ir em
busca pela perfeição. A imagem corporal é, sem dúvida, uma construção
multidimensional que representa o modo de pensar, demonstrando como se sentem
e se comportam a respeito de seus atributos físicos. É evidenciado em nossa
sociedade contemporânea que esta valorização do corpo, mesmo que inconsciente,
esteja experienciando um novo momento histórico do século, mediante a estética e
imagem.
A beleza, passou a adquirir um valor social que coexiste e garante sucesso
nas relações, sejam elas interpessoais ou profissionais. Por vezes, a beleza é
associada à ideia de felicidade, saúde, sucesso social, profissional e amoroso. O
corpo é tido como um veículo que espelha a personalidade e faz a descrição de
quanto mais bonito, mais se tem a condição de bem-estar. Onde o ser belo é tido
como uma exigência social e moral, onde as pessoas são responsáveis e
necessitam corrigir as imperfeições, já que o corpo perfeito é a representação do
sucesso pessoal.
A insistência desses sentimentos pode fazer essas pessoas se sentirem
muito menores e desmerecedoras de qualquer coisa, especialmente por tentarem
cumprir com expectativas sem atingir os resultados esperados.
Para buscar uma solução nesse contexto é crucial encontrar alguém que
colabore no entendimento dessa dor, buscando compreender suas causas para,
então, planejar um tratamento efetivo.
6. Como podemos prevenir o suicídio?
A prevenção do comportamento suicida deve começar na família. A família
deve compreender formas para lidar com a finitude. Geralmente, esse é um assunto
que a família esconde, por acreditar que os filhos pequenos não terão recursos
psíquicos para encarar a situação. Seguido da família, o trabalho nas
escolas é tão importante quanto e deve ser iniciado desde as pré-escolas. Deve-se
trabalhar, com as crianças, questões sobre a valorização da vida e as escolas
podem organizar programas psicoeducativos que possam mostrar que certos
valores precisam ser preservados.
A fraternidade, a harmonia e o respeito são elementos que, quando
trabalhados da forma correta, preparam a criança para enfrentar os problemas, ter
mais tolerância a frustrações, para conseguir lidar melhor com as dificuldades da
vida
Por Márcia Simone Fávero ( Psicóloga )
Materia: Patricia Rosa